A Ordem de São Bento, com sede em Portugal e com vários mosteiros no Brasil a partir de 1581, criou uma série de estratégias eficazes que ajudaram a construir um modelo peculiar de gestão escravista. Entre as estratégias construídas ao longo dos séculos, destacamos: o estímulo da reprodução feminina, beneficiando as mulheres que concebessem muitos filhos; a criação de um sistema regular e disciplinado para a concessão de alforrias; a permissão para que os escravizados tivessem os seus próprios escravos.

Visando aprofundar estas questões, este é um projeto (SLAVESRELIGION - Slaves of Religion: Paternalism and Resistance, Brazil) inovador que contribuirá para ampliar os debates sobre a escravidão no Mundo Atlântico e no Império português. O principal objetivo do projeto é analisar o papel da Congregação Beneditina Luso-brasileira no processo de legitimação, exploração e perpetuação do trabalho escravo durante os séculos XVIII e XIX.

A investigação concentrar-se-á em questões relacionadas com género, raça e escravidão no mundo atlântico e analisará como os escravizados, e principalmente as mulheres, resistiram às medidas impostas pela Ordem de São Bento.

Robson Pedrosa Costa, Investigador Auxiliar do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e bolseiro de pós-doutoramento do programa Marie Curie Actions (Grant agreement: 101065425) irá falar-nos um pouco deste projeto, financiado pelo programa Marie Skłodowska-Curie Actions (MSCA Postdoctoral Fellowships), que se iniciou em dezembro de 2022.