Lançada obra “Lisboa Guardiã de Saber Tropical”
Lisboa Guardiã de Saber Tropical pretende ser um livro de divulgação do conhecimento sobre os trópicos, potenciando e otimizando, simultaneamente, a realização de investigação e a aproximação da comunidade científica e da sociedade civil às temáticas tropicais.
A obra conta com a autoria de Maria Manuel Romeiras (Instituto Superior de Agronomia e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), membro do Colégio Tropical, e de Conceição Casanova, investigadora da Universidade Nova de Lisboa. Entre os autores dos vários capítulos destacam-se vários membros do CTROP: Ana Canas Delgado Martins, Ana Ribeiro, Fernanda Bessa, Fernando Lagos Costa, Luís Catarino, Maria Cristina Duarte, Rui Figueira. Ana Ribeiro, diretora do Colégio Tropical da Universidade de Lisboa, dá o seu testemunho nas primeiras páginas da obra:
A relevância das regiões tropicais em contexto de Desenvolvimento Sustentável do planeta é inegável e incontornável! Cobrindo apenas 40% do globo, estas regiões acomodam 80% da biodiversidade terrestre e quase metade da população mundial. Apresentam a maior taxa de crescimento económico, representando cerca de 20% da atividade económica global; e produzem cerca de 25% do total de energias renováveis. No entanto, constituem o nexus da pobreza extrema, sobre-exploração de recursos, alterações climáticas, doenças persistentes e emergentes, urbanização e globalização. Neste âmbito, os desafios que se impõem são complexos, mas oferecem várias janelas de oportunidade de colaboração multilateral, para o estabelecimento de parcerias estratégicas, ao nível socioeconómico, geopolítico, científico e tecnológico, baseadas numa lógica win-win de partilha de recursos e conhecimento. Lisboa, o berço da globalização, é também guardiã de um legado de valor imensurável! No livro “Lisboa guardiã de Saber Tropical”, o leitor poderá percorrer as diferentes instituições lisboetas detentoras do exclusivo, vasto e riquíssimo património histórico-científico, a saber: Real Jardim Botânico da Ajuda, Academia das Ciências de Lisboa, Sociedade de Geografia de Lisboa, Museu de História Natural e da Ciência, Arquivo Histórico Ultramarino, e Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT). Particular destaque é dado ao papel do IICT na dinamização dos mais de 130 anos de Saber Tropical e da aproximação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na ótica de Business, Science and Culture for Development, sob a batuta de Jorge Braga de Macedo (entre 2005 e 2015), timoneiro da diplomacia científica. Na qualidade de diretora do Colégio Tropical, uma das mais recentes unidades interdisciplinares da Universidade de Lisboa (que desde 2015 integra o IICT), cuja missão assenta na consolidação das vertentes de investigação, educação, extensão e cooperação, em articulação com a inovação e a transferência de tecnologia, é minha convicção de que este formato agregador das coleções científicas tropicais, será da maior utilidade para o estabelecimento de pontes multi-institucionais a vários níveis. Como tal, louvo esta iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e o trabalho de Conceição Casanova e Maria Manuel Romeiras, por quem nutro grande apreço e admiração. A todos os colaboradores desta edição, um grande bem-haja!
Nota introdutória do livro:
Lisboa Guardiã de Saber Tropical pretende ser um livro de divulgação do conhecimento sobre os trópicos, potenciando e otimizando, simultaneamente, a realização de investigação e a aproximação da comunidade científica e da sociedade civil às temáticas tropicais. Contribuindo para disseminar as iniciativas promovidas no âmbito de “Lisboa Capital Europeia Verde 2020”, cidade que alberga instituições prestigiadas que, desde finais do séc. XVIII, são detentoras de um património histórico-científico único, a nível nacional e internacional, surge este livro sobre coleções científicas tropicais, em que se pretende dar a conhecer uma parte significativa deste inestimável património. Merece destaque o património do Instituto de Investigação Científica Tropical - IICT (incorporado, desde 2015, como Unidade Especializada na Universidade de Lisboa), revelador, de forma inigualável, da grande diversidade natural e cultural dos Trópicos, que, pela sua singularidade, simbolismo e valor transversal (aliado a valores patrimoniais intrínsecos, outros ímpares para a economia, a investigação e o desenvolvimento das regiões tropicais), contribui para promover a excelência das Instituições Científicas da cidade de Lisboa. Este vasto património teve as suas origens na Comissão de Cartografia (fundada em 1883), uma das instituições antecessoras do IICT que visou apoiar técnica e cientificamente os compromissos internacionais assumidos, à época, por Portugal. Garantir a disponibilização e o acesso aos dados científicos existentes sobre as regiões tropicais, nomeadamente às coleções científicas recolhidas nos países de língua portuguesa e hoje dispersas por diferentes instituições, constituiu o grande objetivo da chamada “Iniciativa Portuguesa”, criada em 2003, pelos ministros de ciência e tecnologia da CPLP e para a qual o IICT contribuiu nos últimos 10 anos da sua existência. Durante esse período foi realizado um levantamento do património do IICT, incluindo das coleções histórico-científicas, bibliotecas e arquivos, e com base na informação recolhida foi elaborado um roteiro das coleções do IICT. Por diversas razões que não cabe aqui detalhar, este trabalho foi suspenso, tendo sido só agora possível retomá-lo e enriquecê-lo com outras contribuições de relevo nesta temática. Sem pretender abraçar a complexa tarefa de uma abordagem exaustiva relativamente às Instituições da cidade de Lisboa que detêm coleções tropicais, este livro tem como foco principal o património natural do IICT, bem como o de outras instituições de relevo que, desde cedo, integram nas suas origens o elemento tropical, tais como a Academia das Ciências de Lisboa, o Instituto de Higiene e Medicina Tropical, o Jardim Botânico da Ajuda, o Museu Nacional de História Natural e da Ciência, o Museu Geológico hoje integrado no Laboratório Nacional de Energia e Geologia e a Sociedade de Geografia de Lisboa que, além de vastas coleções nacionais, reúnem também coleções tropicais, às quais se juntaram as depositadas pelo IICT (como a seguir se explica). A nível nacional, embora não mencionados aqui por ultrapassarem o âmbito desta publicação, refiram-se ainda as coleções tropicais e património da Universidade de Coimbra ou da Universidade do Porto. Desta forma, tendo por base a cidade de Lisboa, descreve-se o papel que algumas das principais Instituições desta cidade, tiveram, de finais do século XVIII ao seculo XX, como repositórios de um património científico singular, contribuindo para o conhecimento da história natural e da cultura, das regiões tropicais e em particular dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).